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Todo o amor que nos prendera Como de fora de cera Se quebrava e desfazia. Ai funesta primavera, Quem me dera, quem nos dera Ter morrido nesse dia. E condenaram-me a tanto, Viver comigo o meu pranto, Viver, e viver sem ti, Vivendo sem no entanto Eu me esquecer desses encanto Que nesse dia perdi. Pão duro da solidão É somente o que nos dão a comer. Que importa que o coração Diga que sim ou que nãoSe continua a viver. Todo o amor que nos prendera Se quebrara e desfizera, Em pavor se convertia. Ninguém fale em primavera, Quem me dera, quem nos dera Ter morrido nesse dia. David Mourão Ferreira |